EFEITOS FISIOLÓGICOS DA VARIAÇÃO DA PRESSÃO NOS FLUIDOS

EFEITO DA POSTURA NA PRESSÃO SANGÜÍNEA

O coração é uma "bomba" muscular que, no homem, pode exercer uma pressão manométrica máxima de cerca de 120 mmHg no sangue durante a contração (sístole), e de cerca de 80 mmHg durante a relaxação (diástole). Devido à contração do músculo cardíaco, o sangue sai do ventrículo esquerdo, passa pela aorta e pelas artérias, seguindo em direção aos capilares. Dos capilares venosos o sangue segue para as veias e chega ao átrio direito com uma pressão quase nula. Em média, a diferença máxima entre as pressões arterial e venosa é da ordem de 100 mmHg.

Como a densidade do sangue (r » 1,04 g/cm3) é quase igual à da água, a diferença de pressão hidrostática entre a cabeça e os pés numa pessoa de 1,80 m de altura é 180 cmH2O. A figura abaixo mostra as pressões arterial e venosa médias (em cm de água), para uma pessoa de 1,80 m de altura, em vários níveis em relação ao coração. Uma pessoa deitada possui pressão hidrostática praticamente constante em todos os pontos e igual à do coração. Se um manômetro aberto contendo mercúrio fosse utilizado para medir as pressões arteriais em vários pontos de um indivíduo deitado, a altura da coluna de mercúrio seria aproximadamente 100 mm, ou seja 136 cmH2O.

As pressões arteriais em todas as partes do corpo de uma pessoa deitada são aproximadamente iguais à pressão arterial do coração. Quando a pessoa está sentada, ou em pé, devido à elevação da cabeça em relação ao coração, a pressão arterial é mais baixa na cabeça e é dada por:

Pa (cabeça) = Pa (coração) - r s g h

Onde r s é a densidade do sangue e h a diferença de nível entre o centro da cabeça e o centro do coração.

Assim, quando uma pessoa deitada se levantar rapidamente, a queda de pressão arterial da cabeça será r sgh, o que implicará uma diminuição do fluxo sangüíneo no cérebro. Como o fluxo deve ser contínuo e como o ajuste do fluxo pela expansão das artérias não é instantâneo, a pessoa pode sentir-se tonta. Em casos de variações de pressão muito rápidas, a diminuição da circulação pode ser tal que provoque desmaio.

 

 

 

 

 

 

A PRESSÃO SANGÜÍNEA DA GIRAFA

Um animal que possui propriedades fisiológicas extraordinárias é a girafa. Sua altura varia de 4,0 m a 5,5 m. Seu coração está, aproximadamente, eqüidistante da cabeça e das patas, ou seja, a uns 2 m abaixo da cabeça. Isso significa que a pressão arterial da girafa precisa ser muito maior que a do homem, ou de outro animal mais baixo, para que a cabeça possa ser atingida pelo fluxo sangüíneo. J. V. Warren e sua equipe mediram as pressões nas artérias de algumas girafas de uma reserva, no Quênia, cujos resultados estão ilustrados na figura abaixo. Na posição 1, quando a girafa está deitada, sua cabeça e seu coração estão no mesmo nível, e a pressão arterial da carótida varia entre 180 a 240 mmHg e o ritmo cardíaco é 96/min. Quando o animal levanta a cabeça, posição 2, a pressão se mantém aproximadamente igual à da posição 1, mas a freqüência cardíaca diminui. Na posição ereta 3 e em movimento normal 4, aumenta a freqüência cardíaca a cerca de 150/min, enquanto que a pressão arterial cai para 90 a 150 mmHg. O galope 5 eleva a freqüência cardíaca ao valor de 170/min e produz uma variação da pressão arterial entre 80 a 200 mmHg.

A pressão sistólica ao nível do coração da girafa varia entre 200 e 300 mmHg, enquanto que a diastólica varia entre 100 e 170 mmHg. O valor médio da razão pressão sistólica/pressão diastólica é de 260/160. Esse valor, comparado com o valor médio de uma pessoa - 120/80 - classificaria a girafa de hipertensa. Entretanto, essa hipertensão não se deve a problemas vasculares, mas é uma condição necessária para suprir o cérebro do animal com sangue quando ele está ereto.